Uma Cana de Pesca para o Meu Avô

André Mateus

Somos dois estranhos num extenso mundo de desconhecidos, vivendo vidas
separadas pelo tempo e pela distância, como duas linhas imaginárias
tangenciais que nunca se irão tocar.

Sentado numa encosta verdejante em silêncio, abro cautelosamente as
páginas de "Uma cana de pesca para o meu Avô" e num instante, sinto-nos
ligados por um elo invisível e mágico, que irrompe através de todas as
barreiras, fazendo-nos sentar lado a lado, em silêncio, nesta encosta
verdejante...E ouço-o a recontar o mundo de "Uma cana de pesca para meu
Avô!

Ali ficamos até não haver dia, até a noite se perder, até o tempo nos
enlevar num manto de esquecimento, onde ambos mergulhamos, enquanto
sorvo àvidamente cada letra, cada palavra, cada frase, esperando que
nunca acabe, até que acaba...

Eramos dois estranhos, que um simples conjunto de palavras tão
deliciosamente ordenadas uniu, quebrando todas as barreiras. E hoje
parece que nos conhecemos desde sempre.
Até ao próximo livro, em qualquer encosta verdejante...