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“Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac
Romance fundador da geração
“beat”, “Pela Estrada Fora” é
a viagem interminável de dois amigos pelas estradas
perdidas da América do pós-guerra
Raquel Ribeiro
Romance fundador da geração “beat”,
“Pela Estrada Fora” é a viagem interminável
de dois amigos pelas estradas perdidas da América do
pós-guerra
Sal Paradise (alter-ego de Jack Kerouac) conta
que decidiu sair de casa, em Nova Iorque, quando a universidade
o desiludiu. Um dia, parte com 50 dólares no bolso
para visitar Dean, que vivia em Denver. E assim começa
“Pela Estrada Fora” (1957), romance de Jack Kerouac
(autor de “Os Vagabundos do Dharma”, 1958, ou
“Big Sur”, 1962) que marcou decisivamente o rumo
da juventude americana na década de 60.
Qual Sundance Kid na companhia de Butch Cassidy,
Dean e Sal partem em busca da América perdida no desfiladeiro
do passado. Descobrem amigos de ocasião, bebem cerveja
a rodos, fumam marijuana, dançam ao som do jazz de
Nova Orleães e dão boleia a vagabundos de estrada,
algures no deserto.
Jack Kerouac nasceu em Lowell, Massachusetts,
em 1922. De origem franco-canadiana, cedo se tornou a estrela
de futebol americano do liceu local, o que o levou a ser admitido
na equipa da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em
1940. Mas uma lesão levou-o a abandonar os relvados
em plena época. O treinador não o quis de volta
no ano seguinte e, após ver ameaçado o seu lugar
na equipa, Kerouac abandonou a universidade e fez-se à
estrada.
Não é por acaso que o seu personagem,
Sal Paradise, se lança nas estradas secundárias
da América em busca de novas experiências. Kerouac
fez o mesmo, com os seus amigos de sempre, aqueles com quem
um dia se cruzou em Nova Iorque e que viriam a dar origem
à “beat generation”: Allen Ginsberg, William
Burroughs e Neal Cassady. Esta geração deixaria
marcas profundas na juventude americana do pós-guerra,
subvertendo a ordem e os costumes americanos na esperança
de uma nova liberdade.
Romance autobiográfico, em “Pela
Estrada Fora” Dean Moriarty é Neal Cassady, Carlo
Marx é Allen Ginsberg e Old Bull Lee é William
Burroughs. Kerouac escreveu-o em três semanas, na Primavera
de 1951, afogado em café e anfetaminas, que o mantiveram
acordado durante dias. Diz-se que, para poupar tempo ao mudar
as folhas da máquina de escrever, Kerouac arranjou
um enorme rolo de papel e aí escreveu, ao longo de
36 metros, “Pela Estrada Fora”. O romance foi
publicado em 1957 e cedo se tornou na narrativa fundadora
da geração “beat”.
“Temos de ir e não podemos parar
até chegarmos lá”, disse, um dia, Neal
Cassady. Quando Kerouac lhe perguntou onde iam, respondeu:
“Não sei, mas temos de ir até chegarmos
lá.” |
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