04-03-2004
Álbum de Tintim "Rumo à Lua"
volta a Ser Distribuído com o PÚBLICO


Mais 15 mil exemplares

Está de novo disponível a primeira parte da ida à Lua do repórter belga e dos seus amigos Haddock, Dupond(t) e Girassol, além de Milu

O álbum "Rumo à Lua" estará novamente disponível com a edição de amanhã do PÚBLICO. São mais 15 mil exemplares, que permitirão aos leitores completar a sua colecção ou, se começaram mais tarde a adquirir os 24 álbuns editados, travar agora conhecimento com as peripécias da preparação da aventura lunar de Tintim e dos demais personagens criados por Hergé.

Esta longa saga lunar começou na revista "Tintin" (edição belga) em 30 de Março de 1950, prolongando-se até 30 de Dezembro de 1952. Mais tarde, o episódio foi parcialmente reelaborado e dividido em dois volumes para ser publicado em álbum - "Rumo à Lua" (1953) e "Explorando a Lua" (1954).

A escolha da odisseia espacial para tema das aventuras de Tintim prende-se com uma preocupação quase obsessiva de Hergé em ser um homem do seu tempo. Fascinado pelo progresso científico e desejando antecipar a História, estabelece um fio condutor simples - narrar a epopeia espacial de Tintim, que leva até à Lua pela mão de Girassol, o verdadeiro animador e responsável do empreendimento.

Pode dizer-se que é graças aos elementos e situações cómicas veiculadas por Haddock - e, em menor dose, também pelos irmãos Dupond(t) e por Milu - que o desenhador e argumentista Hergé resolve eficazmente o desenvolvimento de um tema que não o entusiasmava por aí além. A dimensão humorística em todas as sequências preenchidas com explicações científicas é pois uma das armas a que o criador de Tintim deita mão com uma eficácia espantosa.

As soluções adoptadas nas décadas seguintes pelos protagonistas da conquista espacial nem sempre caminharam no sentido do que foi idealizado por Hergé, mas isso não retira mérito nem interesse à obra. O artista sabia que o tema era "pesado" e continha alguns escolhos que outros autores não conseguiram evitar. Assim, o criador de Tintim deitou mão a alguns trunfos que jogou certeiramente. Além da dimensão humorística da história, sobretudo nas sequências que comportam explicações científicas, Hergé introduz progressivamente na narrativa elementos romanescos, como a aparição do coronel Jorgen ou a inesperada traição do engenheiro Wolff.

Dando mostras de nunca se levar demasiado a sério em matérias que são por vezes de uma complexidade extrema, Hergé transforma a odisseia lunar numa obra de ficção de grande fôlego. Um pouco à maneira do que já tinha sido feito em outra aventura de Tintim ("A Estrela Misteriosa"), constata-se o aparecimento pontual de misteriosos inimigos dos heróis, que acompanham o desenvolvimento da missão e tentam, sempre que podem, comprometer o seu êxito.