03-10-2003 Quando é que começou a usar maquetas como modelos para os seus navios, aviões e foguetões lunares? — A
partir de “O Segredo do Licorne” (…) Para dizer a verdade, a maqueta
do navio só foi feita mais tarde. Mas eu já tinha tudo
o que precisava para construir — se assim me posso exprimir — um navio
dessa época. Há alguns meses, em Copenhaga, durante uma
conferência de imprensa, o meu editor dinamarquês fez-me
entrar numa sala onde estava instalado uma espécie de catafalco
rectangular coberto com a bandeira belga. Retirou a bandeira e pude
admirar a fabulosa prenda que me era oferecida: o modelo reduzido de
um magnífico navio intitulado “Enhjorningen” (O Licorne) e contemporâneo
do “meu” Licorne! Era uma embarcação dinamarquesa construída
em 1605 e que naufragou ao tentar descobrir a passagem noroeste para
a Gronelândia. A figura de proa era exactamente um licorne. Em
França nunca existiu um navio com esse nome. Houve um ou vários “Unicorn” ingleses
e também esse famoso navio dinamarquês, do qual trouxe
para Bruxelas o modelo que me ofereceram… Neste ponto, eu penso numa
coincidência extraordinária: em Inglaterra, no Essex,
mais precisamente em Leigh-on-Sea, uma família Haddock teve
na sua linhagem capitães de longo curso e um almirante, Richard
Haddock, exactamente contemporâneo do cavaleiro François
de Hadoque, comandante do “La Licorne”! Quase não vale a pena
acrescentar que eu desconhecia tudo isto quando criei o capitão
Haddock… |