24-10-2003
O que disse Hergé sobre "A Estrela Misteriosa"
"Entrevista avec Hergé", de Numa Sadoul, Éditions Casterman

… E depois vem “A Estrela Misteriosa”…

– … Onde se fala, entre outras coisas, da rivalidade no sentido do progresso entre a Europa e os Estados Unidos. Descrevi essa luta através da corrida entre dois navios em direcção ao mesmo objectivo. Na primeira versão [da aventura] o “Peary” hasteava o pavilhão americano, enquanto o outro navio, o “Aurora”, se deslocava sob a bandeira do “Fundo Europeu de Pesquisas Científicas”.

É com “A Estrela Misteriosa” que o fantástico surge pela primeira vez na sua obra. Há desenhos de alucinações e de efeitos ópticos que são notáveis. É um episódio que contém algo de estranho – atmosferas fortemente oníricas, misteriosas…

– Efectivamente. E no plano técnico gosto bastante da sequência dos cientistas afectados progressivamente pelo enjoo. É ainda uma “progressão resumida” em que se vêem rostos diferentes que se sucedem uns aos outros, cada um mais verde do que o precedente…

Devia destacar do contexto os desenhos que lhe agradam mais e fazer uma edição à parte!

– Garanto-lhe que a espessura dessa tiragem especial seria muito fina!...Veja, ainda hoje me censuro por não ter tido o cuidado de recorrer a uma maquete para desenhar o “Aurora”: este navio não está muito bem concebido, pois não conseguiria flutuar.