19-09-2003
O que disse Hergé sobre "Rumo À Lua"

"Entrevista avec Hergé", de Numa Sadoul, Éditions Casterman

"O que eu fiz foi apenas 'romancear' livros que já existiam, em particular 'A Astronáutica', de Alexandre Ananoff. Li muito antes de me lançar nesta história e ainda disponho de uma pequena biblioteca consagrada a este tema. A maqueta do foguetão lunar foi construída minuciosamente e submetida à aprovação do próprio Ananoff, tendo-me deslocado expressamente a Paris para lha mostrar. Eu queria que Bob de Moor [colaborador de Hergé e, também ele, autor de BD] soubesse exactamente, no momento de a desenhar, em que lugar do veículo espacial se encontrava cada um dos personagens. Era essencial que cada pormenor estivesse no seu lugar, que tudo estivesse perfeitamente afinado: a iniciativa era demasiado perigosa para que eu me metesse nela sem garantias. Era um assunto 'quebra-cabeças': eu podia apresentar animais monstruosos, seres incríveis, criaturas de duas cabeças e espalhar-me... Por isso, optei por tomar todas as precauções: nada de selenitas, nada de monstros, nada de surpresas fabulosas!... É também por este motivo que nunca mais farei nenhum álbum deste género: que querem que aconteça em Marte ou Vénus? Para mim, a viagem interplanetária é um assunto vazio de conteúdo."