1. “Ele era um animal político. Tinha uma força imensa até para dirigir. Portanto, era ali um pouco o chefe do grupo na Faculdade de Letras.”

    Maria Barroso Soares, esposa

    “Se nós de uma maneira geral aguentávamos a coisa com alguma galhardia, o Mário, podia-se dizer em conversa corrente, seria... difícil estabelecer distinções entre o estar preso e estar em liberdade. Era a mesma maneira de ser, a mesma forma de se afirmar. O Mário é uma pessoa tremendamente afirmativa.”

    Júlio Pomar, artista plástico

    “Mário Soares sempre foi nesse aspecto muito lúcido e teve um primeiro gesto que marcou um pouco o processo que foi o encontro com Samora Machel. Na altura isso foi surpreendente, surpreendeu toda a gente mas não só o encontro, foi o abraço. Dois países que ainda estavam em guerra. Uma guerra de 10 anos em que tinha morrido muita gente... os dois dirigentes dão um abraço público, filmado, que correu mundo. Foi na realidade um gesto que teve uma consequência enorme no processo revolucionário e de descolonização.”

    António Almeida Santos, ex-presidente da Assembleia da República

    "Eu acho que se não fosse a intervenção dele, o risco de nós termos um governo totalitário de origem comunista, que foi uma ameaça real... enfim, eu acho que se deve muito muito ao Mário Soares que Portugal não tenha sido vítima desse risco. Foi efectivo. Essa justiça tem de lhe ser feita.”

    Adriano Moreira, professor universitário

    “Na companhia para ele agradável do Dr. Afonso Costa e na companhia para ele desagradável do Dr. Salazar, acho que são as três grandes figuras do século XX português na parte política.”

    Diogo Freitas do Amaral, fundador e antigo líder do CDS

    “Ele tem uma personalidade muito política. Eu tenho uma personalidade diferente que é feita através de uma vida militar. Portanto, ele é um homem da negociação e do compromisso. Eu sou um homem da competência, da eficácia. Ele é o homem que como um grande líder tenta encontrar o máximo divisor comum. Eu sou um homem habituado a uma liderança que tenta conseguir a maior eficácia conjugando vontades para chegar lá, mas conjugando vontades com uma certa imposição.”

    General Ramalho Eanes, ex-Presidente da República

  2. Um Homem À Altura Do Seu Tempo

    1943

    Depois de já ter pertencido ao Movimento de Unidade Nacional Anti-Fascista (MUNAF), integra a Comissão Central do Movimento de Unidade Democrática (MUD), sob a presidência de Mário Azevedo Gomes.

    1946

    Funda o MUD Juvenil e torna-se membro da sua primeira Comissão Central.

    1949

    No mesmo ano em que casa na prisão com Maria Barroso, é secretário da Comissão Central da Candidatura do General Norton de Matos à Presidência da República.

    1951

    Licencia-se em Ciências Histórico Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

    1955

    Integra o Directório Democrático-Social dirigido por António Sérgio, Jaime Cortesão e Azevedo Gomes.

    1957

    Licencia-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

    1958

    É membro da Comissão da Candidatura do General Humberto Delgado à Presidência da República.

    1961

    Torna-se redactor e signatário do Programa para a Democratização da República.

    1964

    Funda em Genebra, com Manuel Tito de Morais e Francisco Ramos da Costa, a Acção Socialista Portuguesa (ASP).

    1965

    Candidata-se a deputado pela Oposição Democrática.

    1968

    É deportado, sem julgamento, para a ilha de São Tomé. A oposição ao Estado Novo fez com fosse preso 12 vezes, tendo cumprido um total de 3 anos de cadeia.

    1969

    Candidata-se a deputado pela Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).

    1970

    Exila-se em França, onde lecciona na universidades de Paris IV, Sorbonne, Paris VIII, Vincennes, e Alta Bretanha, em Rennes.

    1973

    Torna-se num dos fundadores do Partido Socialista e assume o papel de secretário-geral desta força política.

    1974

    Três dias depois da Revolução dos Cravos, a 28 de Abril, regressa de Paris no denominado “Comboio da Liberdade”. Dois dias depois, recebe em Lisboa Álvaro Cunhal e, apesar das divergências ideológicas, ambos percorrem a Avenida da Liberdade e a Baixa Pombalina de braço dado. Em Maio desse mesmo ano, é nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiro do I Governo Provisório, presidido por Adelino da Palma Carlos. Conservará este cargo até Março de 1975 apesar das sucessiva quedas dos governos provisórios, assumindo um papel fundamental no processo de independência das colónias portuguesas.

    1975

    O PS vence as eleições para a Assembleia Constituinte. Mário Soares demite-se do IV Governo Provisório, onde desempenhava o cargo de ministro sem pasta, em protesto pelo chamado “caso República” e pelo que acreditava ser a tentativa de perversão totalitária da revolução. 1976 – Depois do Partido Socialista vencer as eleições para a Assembleia da República, Mário Soares torna-se primeiro-ministro do I Governo Constitucional que será derrubado em Dezembro deste mesmo ano.

    1977

    Participa no processo de adesão de Portugal à então CEE.

    1978

    Após um acordo de âmbito parlamentar entre o PS e o CDS é formado o II Governo Constitucional no qual assume o cargo de primeiro-ministro. Em Julho desse mesmo ano, o Presidente da República, Ramalho Eanes, exonera Mário Soares, sendo que o II Governo Constitucional termina o seu mandato a 29 de Agosto.

    1980

    É reeleito secretário-geral do PS e é aprovado o documento Dez anos para mudar Portugal – Programa PS para os anos 80.

    1983

    PS vence as eleições legislativas com uma maioria de 36% e uma pequena vantagem sobre o PSD que alcançara os 27,2%. Os socialistas e os sociais-democratas acordam a existência de um governo de coligação que é liderado por Mário Soares que se torna assim o primeiro-ministro do IX Governo Constitucional. A coligação do chamado Bloco Central chegaria ao fim em 1985.

    1985

    Como primeiro-ministro subscreve o Tratado de Adesão à CEE.

    1986

    É eleito Presidente da República e renuncia aos cargos de secretário-geral do PS e de deputado.

    1991

    É reeleito para um segundo mandato como Presidente da República Portuguesa, cargo que ocupa até 1996.

    1999

    É eleito como deputado no Parlamento Europeu, cargo que desempenha até 2004.

    2005

    Candidata-se a um terceiro mandato como Presidente da República mas perde para Cavaco Silva nas eleições de 22 de Fevereiro de 2006.

    2007

    É nomeado para presidente da Comissão de Liberdade Religiosa.

    2009

    Torna-se patrono do International Ocean Institute.

    2010

    É nomeado presidente do Júri do Prémio Félix Houphouet-Boigny da UNESCO que distingue personalidades ou instituições que contribuíram para a manutenção da paz no mundo.

    INCONTORNÁVEL

    O documentário Memórias do Portugal Futuro debruça-se sobre a vida de Mário Soares e, inevitavelmente sobre a história do nosso país. No primeiro volume viajamos até à infância e juventude do antigo Presidente da República. Olhar para a vida e actividade, sobretudo, política de Mário Soares é olhar para a história do último século no nosso país. Ao longo de quase sete décadas de intervenção social, cívica e política, muito se disse e escreveu sobre o antigo Presidente da República que desde muito jovem se dedicou à defesa da causa pública.  Por ocasião do 88.º aniversário de Mário Soares, o PÚBLICO lança a colecção Memórias do Portugal Futuro, uma série documental que em 11 episódios, divididos por cinco volumes, percorre a vida do estadista. Recorrendo a imagens de arquivo, bem como ao testemunho do próprio Mário Soares e de muitas figuras que conviveram de perto com ele, uma equipa de documentalistas, historiadores, politólogos e sociólogos traçou assim uma perspectiva histórica e cronológica sobre o percurso do ex-líder socialista. Muitas histórias são contadas em discurso directo por Mário Soares, mas ouvem-se também historiadores, jornalistas, amigos, familiares, companheiros de luta e adversários de todos os quadrantes políticos.
  3. A Colecção

    14 de Dezembro

    1924/1974 – Da 1.ª República ao Exílio

    Episódios 1 a 3
    No primeiro DVD da colecção acompanhamos os primeiros anos da vida de Mário Soares bem como da sua militância contra o Estado Novo que acaba por o conduzir à prisão e ao exílio. Os principais temas abordados nos três episódios do volume são:

    - A Infância
    - A Descoberta da Política
    - A Caminho do PS
    - A Oposição ao Regime Ditatorial
    - O Exílio em Paris

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    21 de Dezembro

    1974/1975 – O 25 de Abril e O Verão Quente

    Episódios 4 e 5
    O segundo DVD da colecção centra-se no 25 de Abril de 1974 e o Verão Quente que se seguiu. Os principais temas abordados nos dois episódios do volume são:

    - A Revolução de Abril
    - A Descolonização
    - Os Governos Provisórios
    - O 1.º de Maio de 1975
    - Tentativas de Golpe de Estado

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    28 de Dezembro

    1975 /1984 – Os Socialistas no Governo e na Oposição

    Episódios 6 e 7
    O período pós 25 de Abril de 1974 foi marcado uma grande instabilidade política na qual o Partido Socialista e Mário Soares, como seu líder, assumiram um papel essencial na progressiva estabilização do regime democrático. Os principais temas dos episódios do terceiro volume são:

    - As Tomadas de Posse do I e II Governos Constitucionais
    - Eleições Legislativas
    - A Queda do II Governo Constitucional
    - A Adesão de Portugal à CEE

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    4 de Janeiro

    1985/2009 – Para além do Século e da Política

    Episódios 8 e 9
    O tempo passado por Mário Soares no Palácio de Belém é o assunto central do quarto volume da colecção. Os principais temas abordados nos dois episódios são:

    - A Candidatura à Presidência da República
    - As Visitas de Estado à URSS e Israel
    - A Reeleição à Presidência da República
    - O Final do Mandato
    - A Criação da Fundação Mário Soares

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    11 de Janeiro

    Especial – Entrevistas a personalidades sobre o Mário Soares

    Episódios 10 e 11
    Os dois últimos episódios da colecção são inéditos e reúnem depoimentos de várias personalidades – amigos, familiares, companheiros e opositores políticos – sobre Mário Soares. Entre aqueles que partilharam a sua opinião ou vivências com o antigo Presidente da República estão:

    - Maria Barroso
    - Aníbal Cavaco Silva
    - Ramalho Eanes
    - Otelo Saraiva de Carvalho
    - Diogo Freitas de Amaral
    - Francisco Pinto Balsemão
    - António Guterres
    - António Pedro Vasconcelos
    - Júlio Pomar

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