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22 de Maio
7.º Volume
Vagão J
Vagão J, de 1946, cuja origem do título é mantida em mistério até aos últimos parágrafos do romance, é o romance neo-realista, dos poucos que Vergílio Ferreira escreveu. É a história da família Borralho, família representativa do patamar mais baixo da escala social, numa vila rural no princípio do século XX. A obra transmite uma realidade sem qualquer encenação artificial da cruel forma de viver desses tempos, das assimetrias das classes sociais, dos padrões de comportamento e da psicologia individual e colectiva representativa desses tempos. Mas os Borralho também são “uma família de degenerados, sem escrúpulos, sem carácter, sem dignidade”, escreveu o Capitão Borges Ferreira no seu relatório de censura. “O romance gira todo em volta destas misérias sociais (...) sou de opinião que o livro não deve ser publicado”.
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O autor
Vergílio Ferreira
Romancista e ensaísta português, natural de Melo (Gouveia), Vergílio Ferreira nasceu a 28 de Janeiro de 1916. Estudou no Seminário do Fundão, licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra e exerceu funções docentes no Ensino Secundário. Notabilizou-se no domínio da prosa ficcional, sendo um dos maiores romancistas portugueses deste século.
Literariamente, começou por ser neo-realista (anos 40), com Vagão Jota (1946) e Mudança (1949) mas a partir da publicação de Manhã Submersa (1954) e, sobretudo, de Aparição (1959), Vergílio Ferreira adere a preocupações de natureza metafísica e existencialista. A sua prosa, que entronca na tradição queirosiana, é uma das mais inovadoras dos ficcionistas deste século.
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