A Colecção
Mil Folhas continua com mais
30 títulos
Depois da primeira série,
a Colecção Mil Folhas prossegue com mais 30 volumes
da literatura contemporânea. No dia 30 de Dezembro, segunda-feira,
quem comprar o 30º título - "A Metamorfose",
de Franz Kafka - terá grátis o número 31, "Fanny
Owen", de Agustina Bessa-Luís. Os outros livros serão
distribuídos, como habitualmente, às quartas-feiras.
23
de Maio de 2002
Colecção "Mil Folhas" Leva a Corrida
às Bancas "O Nome da Rosa" esgotou-se em muitas cidades Nuno Passos
Passava pouco das 9h de ontem, quando
mais um cliente da Tabacaria Orfeuzinho, na zona portuense
da Boavista, saía com as 478 páginas de "O
Nome da Rosa", de Umberto Eco, debaixo do braço
e junto ao seu jornal habitual.
Aquele leitor, que se chama Eduardo Coelho, já tem
em casa um espaço destinado aos 30 romances da colecção
"Mil Folhas". "Para mim, os livros seleccionados
são muito bons, mas o Saramago... ah, desse é
que não gosto!", reclamou. A opinião
foi partilhada 300 metros adiante, por Catarina Gomes. A
jovem remirou a capa celeste do volume n.º 1 da colecção,
antes de confessar que vai relê-lo, porque "vale
a pena". Menos sorte teve a leitora Fernanda Coutinho,
que já não conseguiu encontrar "O Nome
da Rosa" no seu quiosque habitual.
A corrida às bancas levou a que os 120 mil exemplares
da edição de ontem tenham inclusive esgotado
em várias cidades, como aconteceu, por exemplo, em
Matosinhos e Santo Tirso. Em cada um de muitos quiosques
contactados por este jornal, pelo menos 15 pessoas já
reservaram os 29 romances do século XX que faltam
para completar a colectânea.
Isabel Madureira foi apanhada pelo repórter do PÚBLICO
com a edição diária do seu jornal na
mão a tapar um livro de Virginia Woolf. "É,
esta escritora e o William Golding são os que me
interessam mais em toda a colecção, porque
estudo literatura inglesa na universidade. Tenho que esperar
até ao n.º 7", sorriu.
Na rua seguinte, Jorge Rocha, de 32 anos carregava a dobrar,
abraçando dois "Umbertos". "Penso
que esta iniciativa é uma boa ideia, porque eu não
sou um leitor muito assíduo", adiantou. Estimular
a leitura e combater a mais baixa percentagem de consumo
e de leitura da Europa é um dos objectivos da colecção,
que aposta na variedade e qualidade das obras para atingir
uma vasta franja da população, transformando
a cultura num bem de e para todos. O reformado António
Pinto destacou a "boa atitude" do PÚBLICO.
"Já dei ordens para me reservarem os próximos
livros, porque a minha mulher gosta muito de ler e eu também
gosto de coleccionar estas coisas."
No entanto, há quem torça o nariz à
colecção. "Só comprei porque era
oferta", esclareceu Alexandra Parreira, que, prevê
uma diminuição do número de compradores
já para a próxima quarta-feira, embora ache
o preço de cada volume "bastante acessível".
A jovem resmungou ainda que "o papel da capa do livro
e do jornal não combinam, porque o jornal deixou
a capa suja", além de indicar que "O Nome
da Rosa" "tem a letra muito pequena".
Na próxima quarta-feira, é Dia do Livro. "O
Ano da Morte de Ricardo Reis", do prémio Nobel
da Literatura português sucede ao "best-seller"
do italiano Eco. Os livros são vendidos juntamente
com o PÚBLICO, ao preço simbólico de
cinco euros. "Olhe, nas livrarias estão ao triplo
do preço", avisou a dona de uma papelaria.