A Colecção
Mil Folhas continua com mais
30 títulos
Depois da primeira série,
a Colecção Mil Folhas prossegue com mais 30 volumes
da literatura contemporânea. No dia 30 de Dezembro, segunda-feira,
quem comprar o 30º título - "A Metamorfose",
de Franz Kafka - terá grátis o número 31, "Fanny
Owen", de Agustina Bessa-Luís. Os outros livros serão
distribuídos, como habitualmente, às quartas-feiras.
26
de Maio de 2002
Colecção Mil Folhas "O Ano da Morte de Ricardo Reis", de José
Saramago, à venda na quarta-feira Marisa Torres da Silva
O primeiro volume da colecção
Mil Folhas foi um sucesso, mas o segundo está quase
a chegar às bancas. O livro do prémio Nobel
da Literatura é o título que se segue, com uma
tiragem de 90.000 exemplares
A substancial tiragem de 120.000 exemplares
para "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, esgotou
em todo o país, no dia de lançamento da colecção
Mil Folhas, na passada quarta-feira.
Agora, a colecção prossegue com "O Ano
da Morte de Ricardo Reis", uma obra onde José
Saramago imagina os nove meses anteriores à morte
de uma personagem vinda de uma outra ficção,
a da heteronímia de Fernando Pessoa. Depois de se
expatriar no Brasil desde 1910 (devido às suas convicções
monárquicas), Reis chega a Lisboa em finais de Dezembro
de 1935, onde permanece até Setembro de 1936. Em
termos históricos, o tempo em que decorre a acção
do livro é pleno de complexidades, caracterizado
não só pela consolidação do
fascismo em Portugal, mas também pelo início
da Guerra Civil de Espanha.
Ao Ricardo Reis de Pessoa, pode atribuir-se a seguinte definição:
é um espectador do mundo, que permanece alheio às
suas tragédias, concebendo o amor como algo de puro
e imaculado, irrealizável no plano material. Contudo,
o Reis de Saramago torna-se mais mundano, mais carnal, menos
susceptível de seguir a mera pretensão de
"fruir o momento que passa" - ao prolongar-lhe
a vida e ao fazê-lo regressar a Portugal já
depois da morte de Pessoa, Saramago como que o obriga a
não ficar indiferente ao "espectáculo
do mundo" dos anos 30.
Além do confronto ontológico de Reis realizado
pelo escritor, o livro contém ainda fortes marcas
intertextuais, denunciadas pelas referências ao poeta
português e pela presença do autor argentino
de ascendência portuguesa Jorge Luis Borges.
Em "O Ano da Morte de Ricardo Reis", a escrita
coerente e precisa de Saramago, entrecruzada por um tom
por vezes irónico e humorístico, aparece aliada
à beleza plástica do mais clássico
dos heterónimos pessoanos, conferindo uma unidade
ao pensamento de Reis e do seu criador, através do
encontro sobrenatural entre essas duas figuras da literatura
portuguesa. É um romance de leitura imprescindível,
um dos melhores de Saramago. Para assegurar a sua compra,
não deixe de efectuar já a sua reserva num
quiosque próximo de si.