Volume 6 - 24 de Maio
AÇORES E MADEIRA
A floresta das ilhas


As ilhas em geral constituem locais privilegiados em termos da criação de novas espécies, devido ao isolamento a que estão sujeitas. A existência de florestas naturais é, nas ilhas, o resultado de milhares de anos
de processos de colonização, expansão, competição e evolução de plantas com diferentes origens. A história florestal recente das ilhas dos Açores e da Madeira confunde-se, a partir de certa altura, com a história
de ocupação humana, devido a todas as actividades económicas e de subsistência, que resultaram invariavelmente no derrube da floresta nativa e na introdução de espécies exóticas, com efeito particularmente avassalador para as espécies indígenas. No entanto, apesar de muitas comunidades vegetais e de algumas espécies se terem perdido para sempre, ainda resta um património valiosíssimo que urge proteger. Deste modo, um dos objectivos principais deste volume é precisamente o de alertar as autoridades locais e nacionais
e sensibilizar as populações em geral para a necessidade de proteger o património natural das ilhas, dado
que ele é único e insubstituível.

Para além do papel nobre de sensibilização para as questões da conservação, o presente volume é também uma iniciativa inédita em termos científicos, enquanto publicação sobre a floresta insular portuguesa.
Na verdade, quando consideramos o conjunto de publicações existentes sobre temas florestais escritos
em Portugal, raramente é feita alusão às florestas da Madeira e dos Açores.

Esperamos assim que o resultado final que aqui se apresenta satisfaça não apenas os mais informados sobre as questões abordadas mas também os menos versados nas questões da botânica e das ciências da natureza em geral. Em relação a estes últimos esperamos sobretudo que o presente volume possa contribuir para alertar e sensibilizar para a necessidade urgente de proteger e salvaguardar um património florestal único e muito valioso, mas infelizmente também muito vulnerável.